Estamos na semana de festejos pelo Dia das Mães e queria comentar sobre um podcast que eu tive a oportunidade de ouvir da Michelle Obama, que foi a primeira-dama dos Estados Unidos por oito anos até 2016.
Neste podcast, de setembro de 2020, ela entrevista a própria mãe, Marian Robinson, acompanhada pelo seu irmão mais velho Craig. Quem tiver a oportunidade sugiro ouvi-lo na íntegra, pois é muito interessante ouvir esta conversa entre diferentes gerações sobre o saber e atuação da parentalidade em diferentes épocas da história.
Ao longo da entrevista Michelle procura entender o modo de educação adotado pela mãe, Marian, que por sua vez também era diferente daquele que a mãe tinha recebido de sua avó. Três gerações com visões e mundos tão diferente.
O que fazer quando o modelo de parentalidade recebido já não é mais o adequado? Uma das primeiras coisas que me chamaram a atenção na conversa foi o modo como a Sra. Marian se referia as crianças em geral chamando-as de “pessoinhas”.
A importância do olhar atento
Este termo mostrava que apesar de pequenos e inexperientes as crianças tinham “coisas” a serem ditas, ou seja, não eram desprovidos de desejos e opiniões, eram pessoas pequenas. No fundo ela estava falando sobre a necessidade de se ter um olhar atento a cada criança e a partir desta observação desenvolver um modo de lidar com ela, e até quem sabe, de aprender com ela.
Ela deixa bem claro que o propósito não era deixar eles mandarem ou fazerem o que quisessem, muito pelo contrário. Era justamente através da compreensão do funcionamento daquele ser que ela conseguiria educá-lo da melhor maneira possível.
Ela compartilhou que não fora desta maneira que havia sido criada e justamente por sentir que sua voz nunca fora ouvida (vamos lembrar que estamos falando de uma população negra num momento de grande divisão racial nos Estados Unidos) que ela acabou por adotar uma atitude diferente em relação aos seus próprios filhos.
A criação influencia como a criança lidará com os desafios na vida adulta
Acredito que o grande desafio de ser mãe é este: dar aquilo que achamos que é importante para o desenvolvimento de uma criança, sem perder de vista que os estamos educando para darem conta da vida adulta de forma independente. O que a mãe da Michelle Obama sugere é que a forma de criar vai ter que ser adaptada as necessidades de cada situação. Ou melhor: de cada filho que tivermos.
Temos muitas teorias sobre a melhor maneira de educarmos nossos filhos: a melhor alimentação, as melhores escolas, as melhores escolhas, mas achei de uma grande sabedoria a fala desta senhora. Na prática temos que ver aquilo que estas “pessoinhas” de fato precisam.